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terça-feira, 13 de outubro de 2009

SENTIMENTO E UNIDADE DE CLASSE…PRECISA-SE!



Na Conferência Sobre a Problemática dos Direitos de Autor em Angola os conferencistas tomaram em boa conta a intenção do Governo em promulgar um novo pacote de leis que visa, fundamentalmente, liberalizar a constituição de sociedades de gestão colectiva dos direitos de autor, no País.

Isso porque, como se pode ler nas Conclusões Finais do conclave, desse modo, passarão assim a estar criadas as condições legais para se redinamizar e se revitalizar o papel de representação e defesa em matéria de recolha e distribuição dos direitos de autor em Angola.

Bem, é inquestionável que a quebra de monopólios, e como consequência, o surgimento da concorrência, nessa área, traduzir-se-á certamente na criação de mais-valias susceptíveis de impulsionar e melhorar a organização dessa actividade em Angola.

Todavia, a mim parece-me que esse, é apenas a ponta do iceberg da grande questão. Contudo importante, mas não determinante.

Não determinante, porque a continuarmos a registar a apatia que demonstra a maior parte dos artistas, no que toca a sua participação na gestão dos assuntos da nossa Classe, particularmente em Luanda – o centro das decisões – é mister inferir que a desarticulação , a desorganização, o não-associativismo, continuarão ainda a ser eleitos por muitos, como forma de ser e estar na sociedade.

É a dialéctica da vida concluirão alguns amigos meus, apoiados no princípio segundo o qual, as transformação materiais operam-se com maior velocidade que as espirituais.

Por falta de consciência e sobrestima não estamos cuidando os nossos problemas, como devíamos. A actividade politica de representação e defesa dos nossos interesses de Classe não é exercida sob o crivo, o beneplácito e vigilância cerrada dos membros mais representativos da Classe.

Tudo isso porque a maior parte dos artistas Jovens com sucesso, vive anestesiado pela fama, ganha aversão às reuniões para discutir os assuntos da Classe, isso lhe parece perca de tempo, é imediatista, vive mais preocupado com o seu próprio umbigo, é obcecado nos resultados do hoje, do já e agora, por isso desprovido de visão estratégica quanto ao seu futuro, que ele mesmo, com essa atitude- o vai tornando cada vez mais incerto.

A fama é na maior parte das vezes efémera e a vida artística demasiada intermitente, inconstante e imprevisível, para conscientemente assumirmos esse comportamento.

Os jovens que no afã da fama decidem abraçar a vida artística, como profissão, têm dificuldades em perceber que precisam de se preparar para com tranquilidade encararem esses imponderáveis.

Os veteranos, particularmente os intelectuais, que os temos e não são poucos, estão com dificuldades mil para fazerem a sua reentrée na vida artística.

Os episódios dos últimos anos são desmotivacionais.

A profunda descaracterização da Classe e a nefasta inversão de valores que ofuscou estrelas outrora cintilantes e trouxe a ribalta artistas de duvidosa qualidade moral, estético e profissional, passaram a ser um verdadeiro empecilho para a aproximação destes.

Herméticamente fechados no seu novo habitat, os kotas, vivem agora o sindroma do IDS artístico. Não querem sequer mais ser catalogados de artistas. Temem pela corrosão do seu actual status, e como consequência pelo equilíbrio emocional familiar (para eles, já passou o tempo, em que ser artista é que estava a dar…) . Tal é a promiscuidade em que se encontra envolvida agora a Classe, que na generalidade e salvo raras e honrosas excepções, artista é tudo…menos artista!

Por isso o escape é que “epá, estou velho para estas coisas”

(Só um parêntesis: Assustei vêr o nosso “General Kambwengu” no concerto para a consagração do último Top dos Mais Queridos atirar a toalha ao tapete. Tão novo e já na reforma!? O Papa Wemba, o Martinho da Vila e outros verdadeiros veteranos dessas lides devem-se rir a brava do nosso filme.)

Posto tudo isso, interessa dizer que, por tais razões o assunto se encontra nas mãos de carolas “teimosos”.

O que não basta!

A Classe precisa do concurso de todos os seus membros, e nesse particular dos seus membros mais capazes, mais conscientes e mais representativos.

Temos todos, novos e veteranos, que fazer um esforço para explorarmos a contento dos nossos interesses de Classe as novas prerrogativas legais que o Estado vai pôr a nossa disposição

O momento é de verdadeira (re)integração e acção. Ganhemos consciência disso!

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