Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O BLOQEIO À MÚSICA NACIONAL É ANTI—PATRIÓTICO



Cada vez mais à boca cheia, em catadupla são disparadas críticas às nossas emissoras radiofonicas por não passarem com a frequência desejada, as músicas dos nossos artistas, particularmente aquelas cuja performance estético-estruturais desalinham com a vaga zookista e kuduristas que graça pelo País.

O assunto é complexo e polémico, pois que enquanto uns endossam responsabilidades ao facto das produções e selecções musicais das emissoras de rádio estarem a mercê de jovens curiosos e pouco patrióticos, outros não hesitam mesmo em insinuar que tal situação deve-se a escusas negociatas de redes semi-oficiais propositadamente montadas por responsáveis de algumas estações de rádio.

Contudo, e o que é óbvio é que tais práticas só acontecem porque quem de direito não age diante de tanta falta de ética no comércio musical nas nossas emissoras, com particular ênfase nas de Luanda.

Essa ausência de ética é geralmente alimentada por exacerbadas ambições na captura de plateias, o que leva as redes de malfeitores a práticas de manipulação de conteúdos até a descarada promoção da mediocricidade musical, atingindo assim interesses mais sublimes como: a promoção dos valores culturais endógenos, o processo de absorção de técnicas avançadas de execução, o crescimento harmonioso do movimento artístico nacional enfim, a caracterização e consolidação da nossa identidade musical na base da diversidade de ritmos que a conformam.

A coexistência equilibrada do nosso mosaico musical, nas nossas rádios tem de ser um facto.

A crítica musical, isenta, tem que ter o requerido espaço para se evitar descabidos favorecimentos, e regular o processo de divulgação da nossa música, nas rádios do País.

É desolador assistir o show de muitos radialistas que para atingirem os seus interesses comercias, não se coíbem à patéticas cambalhotas na inversão de valores para venderem gato por lebre. É verdade que nalguns casos a máquina funciona, mas o sucesso daí decorrente é sempre efémero, porque imposto e não conseguido, e mais ainda, esses “agentes culturais” prestam desse modo um mau serviço a pátria, ao destorcer o entendimento e o processo de desenvolvimento da musica nacional.

Assim, regras claras precisam-se para que a divulgação da nossa música se faça principalmente com base no seu valor estético e não únicamente pelo seu poder anestesiante e interesse comercial.

Deixemos fluir e coexistir equilibradamente a nossa música tradicional, popular, ligeira, erudita, do gheto, da sanzala, do interior, da cidade, sem complexos.

Não nos esqueçamos que a historia da musica confunde-se, com a própria história do desenvolvimento da inteligencia e da cultura humana, daí a consagração do direito de fruição da cultura nacional a todos os angolanos independentemente da sua condição politica, social, economica ou religiosa.

Por isso o bloqueio das rádios à certo tipo, estilo, de música é anti-patriótico e anti-constitucional, por isso acções e atitudes mais condizentes para se pôr têrmo a essa prática se espera dos nossos governantes.
Belmiro Carlos (Nito)

1 comentário:

  1. Assunto interessante. Esperemos que haja bom senso e se possam extrair ideias capazes de acabar com a confusão reinante no plano musical. Os verdadeiros protagonistas da arte, estão fora de cena, o que muito me preocupa. O remédio passa pela discussão séria, logo responsável, de todas as situações que têm impedido o desenvolvimento natural, desta forma de expressão artística, que é a música. Parabéns por este forum, que, desejamos, promova o debate e a concertação de idéias.
    Dias dos Santos

    ResponderEliminar