Não poderia deixar de felicitar por este disco singular: Belos Rumos, de Belmiro Carlos, um Belo artista! O trabalho que fez é algo raro, é a excelência em música angolana revela a alma de um verdadeiro artista!
Tenho visto muitos artistas, músicos, instrumentistas, que tocam o mesmo instrumento que o Belmiro, que podem até revelar, se calhar maior agilidade, ao deslizarem pelas escalas (o braço) da guitarra, algo forçado, devo dizer, mas nada comparável ao que tenho a oportunidade de ouvir neste seu disco Belos Rumos, não tenho palavras para descrever a dimensão de artista que revela ser!
Normalmente, quando um músico lança um disco uma a três músicas é que são realmente boas, as outras são preenchimento. Este disco não, da 1ª a 9ª música, sempre no mais alto nível, sempre de uma simplicidade, suavidade, serenidade e beleza transportadoras (as músicas) à Belos Rumos! Quando termina a 9ª música, dá a sensação de uma criança que tinha o rebuçado na boca e quando está a saboreá-lo lhe é retirado repentinamente! Um artista sereno, com conteúdo, com alma, e que nestas músicas fluem de tal modo, na medida certa, na dose certa, ..., enfim, coisas que faltam à nova geração de músicos nacionais, aliás que não é qualquer músico que pode ter.
Estamos cada vez mais a ficar distantes das nossas raízes. Mesmo em meio a prédios altos de betão ou aço, envidraçados, transpirando modernidade não devemos deixar escapar da nossa cidade, das nossas ruas, dos nossos bairros, o "Marçal", a "Baixa da Cidade", "Bairro operário", os "Musseques" daquele tempo, do tempo que os nossos pais falam e contam, das gentes e os hábitos daqueles que ali viviam, a nossa "Luanda Original", o nosso "povo original", de quem estamos cada vez mais distante, cada vez mais em direcção ao "horizonte visual" que não mais os conseguimos "ouvir"!
Belos Rumos, trás-me a ideia dessa Luanda em que eu não vivi, pois sou jovem, mas de que vi "rastilhos" na minha infância, nas memórias que contam os nossos kotas, das imagens a preto e branco da TPA, dos "machimbombos".
Confesso que ao escrever essas linhas, pensei pergunta-lo porquê Belos Rumos, mas acabei entendendo e está espelhado acima. Os nossos jovens músicos e aqueles que almejam ser deveriam ouvir e beber da experiência das nossas bibliotecas vivas que aos poucos se vão. Mas alegro-me ao ver que este grande talento ainda é relativamente jovem e oxalá continue com a mesma qualidade, serenidade, humildade e alma de artista de facto.
Me desculpe ter sido muito extenso, mas queria partilhar consigo o que sinto quando ouço as suas músicas sem voz, mas que falam muito profundamente e que muitos que ouviram ou têm ouvido sentem com toda a certeza!
Bem haja,
José Fernandes
Tenho visto muitos artistas, músicos, instrumentistas, que tocam o mesmo instrumento que o Belmiro, que podem até revelar, se calhar maior agilidade, ao deslizarem pelas escalas (o braço) da guitarra, algo forçado, devo dizer, mas nada comparável ao que tenho a oportunidade de ouvir neste seu disco Belos Rumos, não tenho palavras para descrever a dimensão de artista que revela ser!
Normalmente, quando um músico lança um disco uma a três músicas é que são realmente boas, as outras são preenchimento. Este disco não, da 1ª a 9ª música, sempre no mais alto nível, sempre de uma simplicidade, suavidade, serenidade e beleza transportadoras (as músicas) à Belos Rumos! Quando termina a 9ª música, dá a sensação de uma criança que tinha o rebuçado na boca e quando está a saboreá-lo lhe é retirado repentinamente! Um artista sereno, com conteúdo, com alma, e que nestas músicas fluem de tal modo, na medida certa, na dose certa, ..., enfim, coisas que faltam à nova geração de músicos nacionais, aliás que não é qualquer músico que pode ter.
Estamos cada vez mais a ficar distantes das nossas raízes. Mesmo em meio a prédios altos de betão ou aço, envidraçados, transpirando modernidade não devemos deixar escapar da nossa cidade, das nossas ruas, dos nossos bairros, o "Marçal", a "Baixa da Cidade", "Bairro operário", os "Musseques" daquele tempo, do tempo que os nossos pais falam e contam, das gentes e os hábitos daqueles que ali viviam, a nossa "Luanda Original", o nosso "povo original", de quem estamos cada vez mais distante, cada vez mais em direcção ao "horizonte visual" que não mais os conseguimos "ouvir"!
Belos Rumos, trás-me a ideia dessa Luanda em que eu não vivi, pois sou jovem, mas de que vi "rastilhos" na minha infância, nas memórias que contam os nossos kotas, das imagens a preto e branco da TPA, dos "machimbombos".
Confesso que ao escrever essas linhas, pensei pergunta-lo porquê Belos Rumos, mas acabei entendendo e está espelhado acima. Os nossos jovens músicos e aqueles que almejam ser deveriam ouvir e beber da experiência das nossas bibliotecas vivas que aos poucos se vão. Mas alegro-me ao ver que este grande talento ainda é relativamente jovem e oxalá continue com a mesma qualidade, serenidade, humildade e alma de artista de facto.
Me desculpe ter sido muito extenso, mas queria partilhar consigo o que sinto quando ouço as suas músicas sem voz, mas que falam muito profundamente e que muitos que ouviram ou têm ouvido sentem com toda a certeza!
Bem haja,
José Fernandes
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