Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

INSPIRADO "NITO" O CRIATIVO



Já sentimos o prazer de apreciar os nove rebentos inclusos no primeiro “parto” discográfico de Belmiro Carlos que demonstra a autenticidade requerida pelos vectores das exigências tanto técnicas quanto estéticas, no domínio musical onde funciona como contribuinte de marca qualificada para o enriquecimento da Nossa Identidade Cultural.

Em torno do variadíssimo conjunto de influentes feitos, tecemos tais considerações ao julgarmos que foi e continua sendo “obra de puro quilate” da Arte de Angola cuja primazia pertence a Música, sobretudo, pela óbvia razão que é o imediatismo nas mais diferentes formas de utilização de tal produto.  

Para a história da Nossa Arte; estão registados os super sucessos obtidos por Prado Paím com o título “Bartolomeu” e, em quadro distinto”, Teta Landu que (acutilante, dimensionou a especificidade da respectiva visão cultural e impôs-se com invejáveis inovações musicais que resultaram em muito “ouro sobre azul”… até hoje, vivemos a expectativa para saber quando é que Classe Artística Angolana se revelará muito mais empenhada para superar tais níveis tanto de satisfação pública como de conquista do mercado.

Além: para alguns, pode parecer exagero em excesso mas, na realidade, num cenário onde já existia artistas de vulto como Marito dos “Kiezos”, Sebastião Matumona do “Ngoma Jaz”, Zé Queno dos “Jovens do Prenda”, Massano Júnior do “Africa Ritmos”, Dionísio Rocha dos “Negoleiros do Ritmo”… então, como brilhante músico – instrumentista “Nito” desabrochou como cintilante estrela artística.
A dor do espinho
Face as experiências em destaque, na década 70, Belmiro Carlos ergueu-se como preponderante guitarrista com contagiante talento e bastante perspicácia, no âmbito da modernização da Música de Angola.

Então, por si só, “Nito” já estava muito bem patenteado como músico - instrumentista de alta categoria, com intelecto para evoluir tal como, agora, voltamos a comprovar.

Depois de ter sido “amistosamente aliciado” por intermédio duma negociata sabiamente conduzida pelo, então, ”rei” Massano Júnior, nos bastidores das arrebatantes actuações do “África Show”; foi-nos ofertada outra referência: “Nito – floreados”… era a largada do soma e segue e em torno deste músico multiplicaram-se as emissões de credenciais artísticas que poucos companheiros seus terão conseguido. Porém (além do perfume da rosa) o “Nito”, também, sentiu a penetrante dor causada pelo espinho!!!… esse é outro capítulo.   
  
Talvez, pressionado por certa agonia resultante do nebuloso tempo, entenda-se Maio de 1977; o nosso evocado preferiu “embarrar-se” fugindo da sensualidade curvilínea e harmoniosa do seu próprio violão; estranho facto, “Nito” parecia ter nojo da melodia que é parte inalienável da sua vida… era mera instabilidade psicológica ou foi o irreversível divórcio?!... a cor prata azulada da lua resplandeceu de novo!!!

Pouco mais ou menos, 30 anos terão decorrido e “Nito” retomou o seu lugar no centro do estrelato e no laboratório onde se destacam artistas que lidam com instrumentos de precisão para o desejado aperfeiçoamento musical, em Angola.

Também, por ter assumido a orientação do agrupamento “Kisanguela” - enquanto artista com “rótulo de génio” - Belmiro Carlos está convertido em referência histórica para o obrigatório estudo da expressiva dinâmica da Cultura de Angola…
Com tudo que representa o singelo, reafirmamos: outros “grandes” artistas – músicos angolanos merecem altas notas mas “Nito” está no activo e com evidente capacidade pedagógica para se institucionalizar como escola… quem sabe - sabe e, aos mais jovens deve transmitir “a sua arte”.

Em relação ao instrumento que é a guitarra, no campo da criação artística e no domínio da execução técnica, Belmiro Carlos está a mover a sensibilidade de alguns dos seus compinchas que parecem amarfanhados pelo peso do tempo; guitarra dá maçada!!!... todavia, cativando atenções culturais, depois de ter assumido o desgastante desafio, colocou no mercado o seu primeiro disco -CD- intitulado “Belos Rumos”.

Sublime discurso
Sim, isso sim, fazemos menção a efectiva relação com um produto de qualidade superior que -após Teta Landu- está enquadrado no restrito serviço refinado ao máximo como são os reportórios musicais inseridos nos discos de Nanutu, Sanguito (ambos com instrumentos de sopro-metal) e, no topo real, o cervo poético interpretado e registado -em disco- pelo altivo Rui Mingas, com os caprichosos arranjos artísticos do “todo poderoso” Betinho Feijó.  
     
Na circunstância, retratamos a beleza dos rumos sugeridos por “Nito” - Belmiro Carlos que (no caso vertente) atingiu os píncaros da execução musical reflectida em mais ou menos, 1 minuto e 30 segundos para de forma sepulcral mas angélica exprimir o silêncio em póstuma homenagem ao magistral Teta Landu… Óh, “Nito” como conseguistes tanto?!

Iniciamos este exercício e, propositadamente, invertemos a ordem numérica porquanto sentimos como demasiada a “excelente interferência” musical da Banda “Maravilha”…pudera; habituados a dominar o cartaz, Moreira & Comparsas quase se assumem como protagonistas num investimentos para o qual foram “contratados”…acompanhante é acompanhante e, por isso, não se deve colocar adiante. Nesta matéria, para os incautos, pode tornar-se difícil separar a precisão da tarefa da Banda - acompanhante e os vigores dos encargos do artista - protagonista que é Belmiro Carlos ou, simplesmente, “Nito” criador dum sublime discurso musical.

Antes que nos escape: declinamo-nos diante da “engenharia química” evidenciada no tema “Tónicos do Semba”. Além, “Choros melódicos” e “Artefactos em sustenidos” permitem-nos comprovar que, nascendo criativo, o artista sobrevive as intempéries e resiste aos pecaminosos ventos da leviandade cultural. A música intitulada “Mirabílis”, também, pode ser retratada como uma esbelta negra tal e qual a mulata com sangue mucubal que é a “Riquita” rainha da Nossa beleza, exaltada por Dionísio Rocha com os “Negoleiros do Ritmo”.

Antes que esbanjemos valores, chega. Voltaremos para instigar o confronto de ideias sobre a profunda mestria do “General dos músicos” – Belmiro Carlos ou “Nito” que deve ser galardoado, antes de passar a reserva. Que assim seja!!!
Noa Wete
Publicado no Jornal
ANGOLENSE
aos 05/02/2011

Sem comentários:

Enviar um comentário