O período sabático de redescoberta e
reinvenção para uma realpolitik pragmática, do novo governo angolano, no
domínio das artes, começa a esfumar-se
Oremos !
Todos, cuja existência espiritual e
sobrevivência material encontram na fruição das artes o músculo da sua
sustentação, precisam orar para que a terceira República desabroche uma elite
verdadeira e incondicionalmente comprometida com as artes no País, blindada dos
desvarios da acumulação primitiva do vil metal , que os deixa geralmente míopes
da grandeza da cultura para o bem estar dos seus concidadãos, fortalecimento do
espírito patriótico , e consolidação da unidade da Nação.
Todos os dias são azagaiadas flechas de
esperança, que enchem de libido os
ressequidos pulmões de gente que , cada vez mais ávida de vêr o País a devolver
o sorriso e a confiança vilipendiados , dão de si o seu melhor para se reverter
a actual situação.
Emprego, inclusão social, incentivos
financeiros, revisão dos impostos aduaneiros e fiscais, fomento empresarial,
protecção e segurança social, etc. etc. são as placas do tapete que empurram o
novo governo para o sprint dos cem dias de mora.
A elite que nos governou ate´aqui mostrou-se
demasiado propenso ao betão, e claramente desprezível a faceta lúdica dos seus
concidadãos. As centralidades são bem um exemplo disso.
Os mesmos erros parecem querer perseguir os
novos timoneiros do Palácio da Cidade Alta.
Ninguém vem
a terreiro falar, explicar-se , sobre a intenção do novo Governo em
relação as Leis Especiais para o Artista (como recomendado pelas organizações
internacionais). Ninguém diz como Normalizar o Actual Ambiente Cultural no
País, sobre os incentivos e fomento do empresariado cultural, a segurança e
protecção social do artista, sobre o trabalho artístico estrangeiro no País, os
direitos de autor dos artistas (pintores, dançarino, músicos e respectivos
conexos), etc.,etc.
O País até hoje não tem a Orquestra Sinfónica
Nacional de Angola (coisa séria e não as brincadeirinhas que nos quiseram
impingir); não tem uma Compania Nacional
de Teatro de Angola, não tem uma Compania Nacional de Dança séria.
Como um verdadeiro sinal de mudança de
paradigma nesse sector, o Palácio dos Congressos deveria ser transformado em
PALÁCIO DA CULTURA , estruturado de modo a oferecer espectáculos de alto nível
de produção, a formar os referidos entes
culturais acima citados, e disseminar pelo País adentro as Orquestras Musicais
e Companhias de Dança e Teatro, municipais. Aliás, é aí no Palácio da Cultura
onde se deveria constituir o Estado Maior dessas instituições culturais.
Nesse interim dos cem dias, era bom que nos
dissessem o que concrectamente farão do Artista nos próximos cinco anos, para que
esses elevem a sua auto estima, recuperem a dignidade da profissão através do
trabalho permanente e duradouro e participem nos esforços para o melhoramento
do bem estar dos seus concidadãos.
A cultura fortalece a Nação.
Belmiro Carlos
Músico e compositor
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