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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

SOBREVIVÊNCIA DO MINISTÉRIO DA CULTURA SIGNIFICA NOVA VISÃO E NOVOS VALORES?



Há uma grande expectativa no Orçamento Geral do Estado para o próximo ano, uma vez que nele encontraremos, finalmente, as linhas com que se irá coser, no arranque dos próximos cinco anos, o novo Executivo saído das eleições de 23 de Agosto.

Para os artistas, o primeiro Orçamento Geral do Estado de João Lourenço vai ser o destapar do quão robusta ou frágil é a sobrevivência do Ministério da Cultura que, tendo resistido ao golpe da faca na reforma ministerial levada a cabo pela Cidade Alta , ficou, entretanto, entregue a um quadro do maioritário, que tem no seu currículo uma actuação mais ligada a imprensa, sem expertise em Cultura.

Era bom que, no mandato de João Lourenço, fosse melhorado o entendimento de que, para  além do simbolismo, a CULTURA é um espaço estratégico para o desenvolvimento , que pode também contribuir para a saída da crise.

Acreditamos de que a tendência de crescimento do consumo, da inovação e do entretenimento pode dinamizar a indústria cultural no País. Assim, e como acontece no resto do  mundo, seria bom que a partir desse Orçamento , em Angola fosse também potenciado o crescimento dos sectores mais dinâmicos da indústria cultural.
No OGE de 2017, a Cultura representou a fatia de 1,5 %, de 7,3 trilhões de Kuanzas, o equivalente portanto a 109 500 000 000,00 kz, que obviamente, esteve sujeito a contingências . Não  conhecemos o valor real executado.

Em tempos de crise como a que vivemos actualmente, é previsível que a Cultura, teimosamente tratada como a ovelha das tetas secas , sofrerá de algumas restrições orçamentais .

Todavia, sendo o OGE uma ferramenta que norteia o processo de execução e gestão dos fundos públicos, e antevendo-se um “assalto ao quartel”, já que em casa que não tem pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”, e, como os ventos se deslocam no sentido da transparência, parcimónia e justeza social é míster que se augure por uma  imediata mudança dos paradigmas na gestão dos parcos recursos disponíveis.
Como por exemplo:
Que , com o concurso das novas TICs , o OGE para a Cultura  fosse posto a disposição de todos os  interessados, em todas as fases da sua elaboração e aplicação.

Que a sua implementação, se efectuasse na base de publicações tempestivas de editais, concursos públicos, etc. etc., a nível de todo o País.

Isso porque, mesmo considerando os esforços melhores conseguidos nos anos mais áureos, a Cultura não conseguiu alcançar uma estratégia de gestão que envolvesse o todo nacional de forma equilibrada, sistemática e sustentável. Daí que a gestão da cultura, principalmente nos municípios, ser quase nula, e  nas grandes cidades , muito débil.

Para se ultrapassar essa situação, talvez dever-se-ia corrigir o planeamento e os sistemas de gestão da cultura a nível de todo o País,  integrando, sem titubiezas, o sector privado e as comunidades, nessa empreitada.

O Ministério da Cultura deveria  abandonar, urgentemente, a sua antiquada e nefasta herança de business player que lhe envolve até em acções e projectos sem dignidade de Estado, e dever-se-ia abrir para às parcerias publico-privadas para a realização de projectos de médio e grande porte,  e expandir os seus tentáculos de modos que pudesse de forma permanente e dinâmica passar a corrente e , semear e fazer acontecer factos e politicas culturais, que promovessem a nossa diversidade cultural, o bem estar social , a ética e a moral no seio das nossas comunidades e dos diferentes extractos da nossa sociedade, a bem da Nação e , unidade e coesão da Pátria.

Belmiro Carlos

Músico e compositor

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