OS (DES)PROPÓSITOS
DAS HOMENAGENS
AOS NOSSOS ARTISTAS
Em
Angola todo o mundo organiza homenagens aos artistas.
Associações,
Empresas, Rádios, TVs, pessoas singulares e o próprio Estado.
Há
homenagens para todos os gostos. Desde
às regadas com Moet & Chandon e caviar à mistura, às pulverizadas com cerveja
e vinho tinto barato em estômagos colados às costas.
Há
um frenesim de “gente estranha ao mettier”, no comando dessas displicentes homenagens.
Há cheiro à “massa” , como é evidente.
A maior parte dessas “homenagens”
persegue tudo, menos a caução de uma solidariedade sustentável e a celebração
da excelência do gênio criativo.
As homenagens,
salvo raríssimas excepções, são desregradas, sem critérios de avaliação
transparentes e sem objectivos concrectos e claros , por isso bizarras e banais
.
É
por conta delas que, vezes sem conta confrontamo-nos com indivíduos ,que embora
sombra de si mesmos , a reclamarem, tal
qual pessoa notável, os louros e os ouros de um eclecticismo que só a nossa hipócrita mediocridade
consegue fazer morada premiada.
Infeliz
e lamentavelmente, muitas dessas “homenagens” contam com a nossa própria
cumplicidade, o que nos deveria levar a questionar a qualidade da nossa
colectiva higiene e sanidade mental .
Ainda
bem que a maior parte das nossas gentes não passa bola, nem participa desses inconfessos actos de
(des)reconhecimento público dos nossos artistas e de chacota a celebridades duvidosas.
Não
seríamos justos se classificasse-mos como péssimos todos os gestos de
reconhecimento publico que se realizam no País.
Não
estaríamos, entretanto, a cometer uma heresia se sugerisse-mos o redesenhamento
do actual conceito geral de homenagem dos nossos artistas, de modos a surgir um
novo paradigma que consagre a qualidade
estética , a competência técnica, o mérito, e eleve inequivocamente a auto
estima do laureado.
Uma
Homenagem não deveria continuar a ser encarada como mais um expediente para
apenas apimentar menús recreativos de fim de semana ou circunstanciais agendas
políticas .
As
homenagens deveriam traduzir-se em actos
de solidariedade para com os nossos gênios, pelo que, e por isso, deveriam ,
sempre. juntar aos habituais diplomas,
um apreciável cheque , ou actos práticos , que ajudasse , realmente, na
integração social e económica do artista galardoado, levando-nos a aplaudir a
pertinência do acontecimento.
As
homenagens aos artistas angolanos, particularmente as oficiais , deveriam elencar as nossas insignes figuras atísticas para a toponímia nacional e programas
curriculares de ensino, para a promoção da cultura nacional , elevação
patriótica e intemporalidade dos premiados .
Então...
não deveríamos parar com a funalização que banaliza o sentido das homenagens
dos artistas, no País, e resgatar o potencial mobilizador de vontades e pureza
humanas , que encerram as homenagens organizadas com verdade e seriedade ?
Quem
não está a fazer o trabalho de casa?!
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