Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

MÚSICA PORNOGRÁFICA É ASSUNTO DE ESTADO



(...e o artista , sorridente, visivelmente emocionado, vangloriando-se, disse na nossa TV: “os brasileiros me disseram que  eu faço música chiclete” – santa ignorância.)

Uma família , um casal de meia idade com os dois filhos, de 11 e 15 anos, mais a sogra , dele, depois do habitual culto religioso de domingo de manhã resolve fazer um passeio higiénico lá para as bandas de Cacuaco.

Apesar das mulumbas da dita auto estrada, curtiam o banzelo, no conforto e  na estereofonia de um desses V8 que “nos atrofia”. 

No interior da viatura, interagia-se  descontraídamente. A música “ parecia comida”. Grandes mundos! Clássicos angolanos!

De repente o ambiente é invadido por palavrões que ostensivamente fazem apelo  a pornografia e  a violência gratuita: “... trabalha só com o rabo... só quero o rabo... vou te matar... vou se suicidar...

Os Jovens manos entreolham-se de imediato, mas  reprimem o desejo de entrar na “safadeza”,  ao lado dos mais velhos.

Tudo se petrifica, entretanto. O ambiente fica fúnebre.

É visível , a preocupação e o mal estar , nos rostos do casal .

A sogra não esconde a sua revolta pela intrusa e inoportuna canção  e interpreta como cúmplice o sepulcral silêncio (tipo estão a gostar) ,  e com o muzumbu afiado vai lançando umas olhadas e muxoxos, no vazio.

Os jovens não estão nem aí  e embora e a muito custo continuam a abafar o  canto, gesticulam os braços e marcam a cadência da estridente e desconfortável música, com a cabeça .

Para o casal, esses primeiros segundos da música parecem uma eternidade. Têm em mãos os instrumentos para parar o rádio ou muda-lo de frequência, mas não o fazem com o receio do gesto provocar ainda mais estragos nas ingênuas mas férteis cabeças dos filhos, ou de provocar uma inquisitória conversa com  a “própria sogra” a propósito dos valores  na família, que ela vem questionando já a algum tempo.

A mente e o coração do casal sofre com as pancadas  dos vibrantes decibéis que só aparentemente subiram de intensidade. Os mesmos rezam para que a música não  resvale totalmente para a habitual incontinência verbal.

O fim dessa estória , depende da sentença do caro leitor.

Todavia na nossa vida real, essa história está  acabando de forma dramaticamente aterrorizadora e muito fora do nosso controlo.

A nossa sociedade está doente. Daí que os nossos artistas particularmente os da nova vaga  (salvo raríssimas e honrosas excepções), , sem pejo nem pudor  fazem leviana e frequentemente recurso a obscenidades nas letras das suas canções ou nas suas danças, quando não às duas coisas , e usam-nas em qualquer espaço: na TV, na Rádio. nos espectaculos, etc. . Não importa se  a performance se destina aos adultos  ou a criança.

 Por força dessa  promiscuidade, os papás , as mamãs, os filhos e os netos, juntos, na mesma roda,  “adoçam” as músicas e as danças com disparates como:... é grande, ... é pequeno, ... é larga , ...é funda, ...tira, ...põe, ...com força, ...devagar, ...abre, fecha, ...lhe mata, ...lhe pisa, ...se mata ...

A situação parece estar fora de controlo. Os estragos estão aí a vista de todos: violações de todo o tipo, infidelidades conjugais mirabolantes, linchamentos com enredos que dão capote aos grandes realizadores de Hollywood, enfim, um verdadeiro mundo cão, que é  preciso corrigir, porque isso está muito mal.

O propósito deste texto não é como é óbvio insinuar que se extirpe do mundo artístico, quem se predispôs a fazer ou a promover música chjclete, do tipo pornográfico  ou de matiz que pensamos reservada.

Há que encarar de frente o fenómeno, que por sinal não é exclusiva de Angola.  

A experiência de outros povos , civilizados, aconselham-nos a darmos uma atenção e  um tratamento , especial ao caso , de modos a equilibrarmos os interesses em presença sem prejuízo para uma  sã educação moral e cívica da sociedade.

Assim, o Estado talvez devesse começar por  “classificar” as actividades, os recintos, os programas de Rádio e Tv, as músicas, etc.,etc., ( como infantil,... para maiores de.., , e por aí adiante) , e em função disso regular, disciplinar o acesso aos mesmos .

Naturalmente, que devem existir outros caminhos !

Que venham daí então. Porque o que é verdade é que necessitamos urgentemente de medidas administrativas, politicas , policiais , “militares” (anyway), para que as nossas festas familiares , os nossos espectáculos públicos, os nossos centros recreativos, os programas de Rádio e Tv , etc.,  não se confundam com prostíbulos ou coisas do género, que atrofiam a sociedade, particularmente a educação das nossas crianças.

Haja valores !

Belmiro Carlos

Músico e compositor

Sem comentários:

Enviar um comentário