A falta de acutilância do Estado no estabelecimento e
observação de regras para disciplinar a actividade artística no País tem fragilizado
significativamente a organização e estabilidade do trabalho artístico no País.
Hoje em Angola para
o licenciamento de espectáculos e de outras actividades artísticas, o
agente não necessita de apresentar o contrato escrito do artista ou artistas contratados.
Consequências:
- Encorajamento da actividade artística marginal
- Engodo e abusiva publicidade de espectáculos de
qualidade e moral duvidosa;
- Ausência de contribuição tributária por parte dos
artistas, incluíndo os estrangeiros que têm Angola como a sua galinha de ovos
de ouro
- Ineficácia da
Carteira Profissional de Artista.
- Dificil integração e respeitabilidade social do Artista Angolano.
A não observância da Carteira Profissional na
contratação do Artista constitui um dos principais
motivos da desorganização do nosso mercado artístico, e consequentemente do
desemprego artístico e consequências, que graçam por todo o País.
A Carteira Profissional de Artista , foi oficialmente
institucionalizada pelo Estado Angolano, através de um despacho de decreto
conjunto do MAPESS e Ministério da Cultura, sob iniciativa da UNAC-SA.
Com a introdução da Carteira Profissional de Artista o
Estado Angolano visou facilitar e acelerar a organização e regulação do
trabalho e mercado, artísticos, e a integração e segurança social do Artista Angolano.
Era assim suposto ser através dela que o Artista
deveria ter acesso ao trabalho. É através dela que o artista pode tratar da
segurança social e da pensão de reforma.
Como acontece com todas profissões.
Mas, como a
Carteira Profissional não tem tido efeitos práticos , nem para o acesso ao
trabalho, o Artista, mesmo o que desenvolve a sua actividade de modo
profissional, negligencia (porque pouco avisado) a importância desse instrumento.
A forma pouco interessada como o assunto da Carteira é
encarada pelo Artista Angolano denota um profundo e aterrorizador
desconhecimento da sua oportunidade e importância singular.
Para quem, no dia a dia se sente obrigado, a lidar com
as mais selváticas regras de um desregrado mercado, e a encarar o futuro com
uma tenebrosa incerteza , quando tem afinal às mãos de semear o antídoto para
tais males, sem que, ao menos, lhe ponha os olhos, convenhamos concluir que, no
mínimo, alguma coisa vai muito mal, em matéria
de comunicação, informação e consciencialização.
Nessa conformidade as organizações
sócio-profissionais dos artistas deveriam
fazer um profundo e intenso trabalho de consciencialização junto dos seus
membros, para que finalmente, se junte a Carteira Profissional de Artista à
luta pelo resgate da dignidade, através do trabalho e do respeito da profissão
de artista.
Belmiro Carlos
Musico e compositor
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