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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

A MAKA DO VIZINHO, QUE NOS PARECE ALHEIA




Ainda bem que já lá vai o tempo em que os Homens entendiam como uma fatalidade ser-se servo e, como obra divina , nascer-se no seio das elites sociais.

Hoje é dado assente e pacificamente aceite , que a faculdade de associação dos Homens em grupos de interesse, quer seja por razões sociais, culturais, económicas ou políticas, representa uma conquista da civilização moderna.

Independentemente da nossa condição social ,  religiosa,  gênero, financeira, política, etc. etc., é senso comum que todos podemos ter anseios diferentes, pensares diferentes, podendo juntarmo-nos, associarmo-nos, para defender esses lídimos  interesses .

Os Estados, as sociedades, as instituições, as pessoas que não comungam desses valores e que inibem a sua prática através de métodos discretos ou ostensivos de repressão , são apelidados de epítetos que evidenciam a sua arrogância, intolerância, enfim a sua visão autocrática do mundo.

Tudo isso para dizer que, nos tempos de hoje,  constitui uma barbaridade e uma  monstruosa ofensa aos direitos humanos, colocar na corda bamba a carreira ou o futuro de um artista, que por convicção doutrinal ou  orientação sexual,  tente desafiar o cambalacho da unicidade discursiva oficial ,   incorporando, nos mesmos, os  tenores e sopranos propositadamente negligenciados.

Uma prática que , infelizmente .  parece querer se instalar no País através de alguns compatriotas embriagados com o poder de corrosão social do vil metal.

Por outro lado, os artistas passam um nítido sinal de desunião e despreparo para o exercício da cidadania,  ao colocarem-se no muro, a vêr a banda  passar, como se “essa maka , não é minha” .

A Classe , continua a mostrar que tem  dificuldade em se libertar das amarras das tutelas,  dos paternalismos, e por isso, não se reencontra, não se organiza, não se une e não se defende de facto nem de júri.

Sabemos que não é fácil reclamar e defender  direitos numa altura em que se tem o estômago a comandar a mente.

Todavia  pode-se parar com essa tendência e outras incongruências a que o Artista se encontra exposto  - sem grandes dificuldades – pois que , basta que o mesmo passe a fazer depender as suas actuações, exibições, participações e outras performances de um contrato escrito, analisado e aprovado com o concurso do seu advogado, ou de gente que sabe do metier , onde se precaverá dessas malabarices e de outras vigarices.

Contudo, e porque esse diabo que está entrando nas casas dos vizinhos,  pode também entrar na  nossa , o ideal seria mesmo que encomendasse-mos um xinguilamento debaixo de uma frondosa mulembeira,  onde todos  e em uníssomo condenasse-mos com veemência  esses malditos actos, e  demonstrasse-mos inequivocamente a nossa solidariedade para com os colegas que gemem nas garras da intolerância.

 UNIDOS SOMOS MAIS FORTES!


Belmiro Carlos

Músico e compositor

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