O discurso hegemónico de progresso da
nossa música está a esbarrar –se com as manifestações e abordagens dissonantes
do novo jet set e showbiz
made mwangolé, no que toca ao SEMBA .
Tradicionalmente complexada e presunçosa,
essa franja da nossa nova sociedade cuja relação
com o que é nacional é acentuadamente cada vez mais assimétrica, decidiu fazer moda, chamar SEMBA a tudo que transporta à nossa alma , o gingar frenético das passadas e o rebolar
açucarado dos nossos corpos.
No comando, como opinion makers instalados nas Rádios, TVs, Jornais, Concursos, etc.,etc, e porque não se dão ao trabalho de aprender e
respeitar o que é nosso, juntam e
misturam, promovem e consomem , como SEMBA, ritmos que nada têm haver.
Outros há que em nome das modernices vão
trazendo para o nosso SEMBA outras sudvisões métricas de sabores amarelos, que arrastam o SEMBA para caminhos movediços, onde,
como o gato escondido, o rabo à vista prenuncia um maquiavélico ataque
destruidor às nossas raízes, às nossas origens, à cultura , a nossa, que nos distingue no
concerto das nações.
Tudo isso se complica com a dita globalização, e com o real acesso das massas às novas tecnologias de
informação e comunicação.
A criançada e os adolescentes das nossas grandes
cidades, não querem saber do SEMBA, mas sim dos artistas estrangeiros. Querem
cantar em Inglês.
Os nossos adolescentes e a maioria
esmagadora dos nossos jovens, nada sabem sobre Duia, Kim Jorge, Liceu Vieira
Dias, Ngola Ritmos, Artur Nunes, Kissanguela, Elias dya Kimuezo, enfim...
As TVs , particularmente, estão formatadas
para o tiro de misericórdia, nessa política de aculturação global.
Fragilizados, parecemos resignados e
prontos para o suicídio cultural colectivo.
È mesmo esse o sentimento que experimentamos,
quando o mais velho lá do bairro, ou o cidadão atento, nos indaga sobre o
futuro do SEMBA .
Mas, afinal esse País tem ou não, massa cinzenta . vitalidade e
verticalidade para inverter esse estado de coisas?
As TVs, as Rádios, os Jornais, os
Festivais, os músicos, os DJs não são
angolanos? Não são patriotas?
As pessoas que podem ajudar nos esforços
de identificação, manutenção e promoção do SEMBA - que faz parte da memória
colectiva e já simbolizou ”resistência generalizada” - não existem mais?
Ou estamos diante de um silencioso e
manhoso neocolonialismo cultural de feição assumidamente segregacionista e
assimilacionista,
Mamauéééée´!!!!
Que exorcizemos então as nossas almas ,
diante das tumbas de Léopold Senghor, Hailé Selassie, Agostinho Neto e de
outros arautos do movimento de resistencia cultura africana, para que nos sakelem
os espíritos e nos untem, de, feitiço de
pulunguza de maconha, para preservarmos a mulemba Xangola, e as terras de
Nzinga Mbandi, Ekuiku e Mandume.
Belmiro Carlos
Músico e compositor
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