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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

SEMBA AGONIZA ENTRE EMBUSTES, FACADAS E ORFANDADE




O discurso hegemónico de progresso da nossa música está a esbarrar –se com as manifestações e abordagens dissonantes do novo jet set e  showbiz made mwangolé, no que toca ao SEMBA .

Tradicionalmente complexada e presunçosa, essa   franja da nossa nova sociedade cuja relação com o que é nacional é acentuadamente cada vez mais assimétrica, decidiu  fazer moda, chamar  SEMBA a tudo que transporta à  nossa alma , o gingar   frenético das passadas e o rebolar açucarado  dos nossos corpos.

No comando, como opinion makers  instalados nas Rádios,  TVs, Jornais, Concursos, etc.,etc,  e porque não se dão ao trabalho de aprender e respeitar o que é nosso,  juntam e misturam, promovem e consomem , como SEMBA, ritmos que nada têm haver.

Outros há que em nome das modernices vão trazendo para o nosso SEMBA outras sudvisões métricas de sabores amarelos, que  arrastam o SEMBA para caminhos movediços, onde, como o gato escondido, o rabo à vista prenuncia um maquiavélico ataque destruidor às nossas raízes, às nossas origens, à  cultura , a nossa, que nos distingue no concerto das nações.

Tudo isso se complica com a dita  globalização, e com o real acesso das massas às novas tecnologias de informação e comunicação.

A criançada e os adolescentes das nossas grandes cidades, não querem saber do SEMBA, mas sim dos artistas estrangeiros. Querem cantar em Inglês.

Os nossos adolescentes e a maioria esmagadora dos nossos jovens, nada sabem sobre Duia, Kim Jorge, Liceu Vieira Dias, Ngola Ritmos, Artur Nunes, Kissanguela, Elias dya Kimuezo, enfim...

As TVs , particularmente, estão formatadas para o tiro de misericórdia, nessa política de aculturação global.

Fragilizados, parecemos resignados e prontos para o suicídio cultural colectivo.

È mesmo esse o sentimento que experimentamos, quando o mais velho lá do bairro, ou o cidadão atento, nos indaga sobre o futuro do SEMBA .

Mas, afinal esse País  tem ou não, massa cinzenta . vitalidade e verticalidade para inverter esse estado de coisas?

As TVs, as Rádios, os Jornais, os Festivais, os músicos, os DJs  não são angolanos? Não são patriotas?

As pessoas que podem ajudar nos esforços de identificação, manutenção e promoção do SEMBA - que faz parte da memória colectiva e já simbolizou ”resistência generalizada” - não existem mais?

Ou estamos diante de um silencioso e manhoso neocolonialismo cultural de feição assumidamente segregacionista e assimilacionista,

Mamauéééée´!!!!

Que exorcizemos então as nossas almas , diante das tumbas de Léopold Senghor, Hailé Selassie, Agostinho Neto e de outros arautos do movimento de resistencia cultura africana, para que nos sakelem os espíritos e nos untem,  de, feitiço de pulunguza de maconha, para preservarmos a mulemba Xangola, e as terras de Nzinga Mbandi, Ekuiku e Mandume.


Belmiro Carlos
Músico e compositor


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